12 de jul. de 2009

Lente de aumento sobre o amor em "Closer - Perto demais"

É sempre bom quando o cinema consegue conjugar entretenimento e reflexão, já que na atualidade somos bombardeados cada vez mais com obras totalmente desprovidas de conteúdo.
Felizmente, o caso de "Closer - Perto demais" é o primeiro. Não há como não se render diante do espetáculo, para o bem e para o mal, que o roteirista Patrick Marber e o diretor Mike Nichols oferecem ao público.

O filme acompanha a jornada de encontros e desencontros amorosos vivida por um jornalista, uma fotógrafa, um dermatologista e uma stripper. Seus nomes: Dan (Jude Law), Anna (Julia Roberts), Larry (Clive Owen) e Alice (Natalie Portman).

Tudo começa quando Dan e Alice se conhecem num acidente na rua. Alice é atropelada, e Dan a salva. Dali a pouco, os dois estarão perdidamente apaixonados e um não conseguirá mais viver sem o outro. Marber já brinca com essa maneira repentina de amar que algumas pessoas têm logo nesse início (ou meio, o que fica mais provável lá na frente).

Mas Dan logo se encanta por Anna, uma mulher de espírito independente, o que devasta Alice. Em uma fala do personagem, fica claro o porquê de sua atração por Anna: "Eu gosto dela porque ela não precisa de mim."

Dan e Anna vivem, então, um intenso romance, mas Dan, por uma brincadeira idiota, acaba aproximando Anna de Larry, e os dois se envolvem.

Apenas por essa pequena amostra da narrativa, percebe-se que se forma uma teia entre oquarteto, da qual dificilmente qualquer um deles escapará ileso.

Ao longo de vários meses, vemos as idas e vindas e Dan e Alice e de Anna e Larry. Sentimentos como culpa e traição são jogados na tela com uma crueza raramente vista no cinema, inclusive em termos de diálogos. "Closer - Perto demais" não é um filme sobre o amor e suas benesses, mas um profundo ensaio sobre a inabilidade dos amantes diante de tal sentimento. O amor mostrado no filme perturba, deixa sequelas e arrasta o indivíduo para uma espiral de loucura e descontrole.

Certamente, haverá identificação por parte do espectador com algum dos personagens ou situações mostradas na história. Quem nunca sofreu por amor ainda, um dia vai experimentar essa amarga sensação. Não há como escapar.

A trilha sonora é outro achado do filme. A balada de "The blower's daughter" na voz de Damien Rice não sai da cabeça de quem vê a história tão cedo.

Talvez o viés sob o qual Marber (e Nichols, que filmou o roteiro) enxergue o amor seja um pouco pessimista, mas não há como não se encantar com a maneira como a trama é construída e amarrada. E um filme sobre o amor será sempre universal.

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