8 de jul. de 2009

"A bela Junie": o tema de sempre sob um olhar afetivo


Christophe Honoré é apontado como um dos mais promissores cineastas franceses da atualidade. Pode até ser que já tenha mostrado a que veio, que é o que eu penso. Em "A bela Junie", Honoré mostra mais uma vez todo o seu charme ao adaptar para o cinema o livro de Madame de la Fayette. A trama em si não guarda muito de originalidade. Mas sou partidário da ideia de que um bom filme e uma boa história não precisam necessariamente ser originais. Mais importa a forma de se conduzir a trama do que propriamente sua originalidade. Vide como exemplo gemas como "Closer - Perto demais" e "Pequena Miss Sunshine", cujas histórias não são inéditas, mas que apresentam conduções muito eficientes.
Mas vamos à trama do filme em questão: Junie, personagem-título, é uma jovem de 16 anos que acabou de perder seus pais. Com isso, muda de escola no meio do ano junto com o irmão Mathias. Sua beleza logo chama a atenção dos meninos do colégio, que tentam de tudo para conquistá-la. Mas Junie se interessa por Otto, rapaz taciturno e tímido, que tem dificuldades em demonstrar o amor que sente por ela.
Porém Junie logo descobre que seu amor de verdade será por Nemours, seu professor de italiano. Ela se recusa a viver esse sentimento por acreditar que ele não será dela para sempre, e decide não levar adiante esse sentimento.
Há ainda espaço para a trama de Mathias, um jovem em dúvida quanto à sua sexualidade, e que mantém um caso secreto com um rapaz, que logo vira do conhecimento de todos na escola.
Com elementos de uma peça shakesperiana, "A bela Junie" aposta no já visto tema da ciranda de desencontros amorosos. Mas o apresenta de uma maneira muito bem costurada e atraente, tornando-se muito mais interessante de se acompanhar o desenrolar dos fatos.
É certo que haverá sofrimento de amor para ambas as partes, pois nunca os dois deixam de amar ao mesmo tempo.
É certo também que haverá morte, física mesmo, para algum dos envolvidos, só não se pode revelar quem.
Louis Garrel, ator-fetiche de Honoré, mais uma vez está lá. E mais uma vez se sai muito bem, dessa vez na pele de um homem que se torna vítima dos próprios brios.
Um senão do filme é a cena em que um personagem canta sua tristeza enquanto caminha pelas ruas. Um momento musical desnecessário.
Em alguns momentos, Honoré pode soar grandiloquente sem necessidade, mas isso não chega a ser sintomático em sua filmografia. A direção de atores também é outro ponto forte do filme, embora Garrel pareça estar além de seu bom rendimento habitual.

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