30 de nov. de 2009

"Edukators", um louvor ao inconformismo

O cinema alemão recente tem se mostrado bastante profícuo em seus exemplares. Da safra atual, tem-se bons diretores e atores igualmente ótimos, para contar histórias interessantes de se acompanhar.

No caso de "Edukators", mais do que uma boa história, estão a serviço do espectador um série de outros elementos que fazem assistir ao filme valer a pena. Dirigido por Hans Weingartner, o longa traz a história de Jan (Daniel Brühl), Jule (Julia Jentsch) e Peter (Stipe Erceg), um trio de amigos que não se conforma com aqueles que possuem riquezas demais, segundo sua visão. Eles têm uma maneira um tanto original de demonstrar esse inconformismo: invadem as casas de quem consideram muito
ricos, e deixam suas mensagens de protesto. Uma delas, inclusive, é o título original do filme: "Die Fetten Jahre sind vorbei". Em bom português, "Seus dias de fartura estão contados". Fica claro desde o início da história que os amigos estão empenhados em transmitir uma moral, e subverter o sistema de alguma forma.
Nesse sentido, o filme apresenta um aparentamento com outras obras contemporâneas dele. A principal é "Os sonhadores", já que, no filme de Bertolucci, também há um trio de inconformados. Com a diferença de que, diferente dos jovens de "Edukators". aqui o inconformismo não sobrevive ao desejo.

Voltando ao primeiro filme, Weingartner trata dos sonhos que se desfazem, e das convicções que são jogadas por terra devido ao choque de realidade. Pouco a pouco, é que acontece com a militância política de Jan, Peter e Jule. Numa de suas invasões, Jule esquece um objeto dentro da casa invadida, e os três acabam sequestrando o dono do imóvel, que está chegando ao local no exato momento em que eles retornam para buscar o que foi esquecido. Daí, começa o degringolar da harmonia então presente entre eles.
O diretor joga com a visão de mundo dos personagens, e proporciona momentos de discussão sobre o capitalismo e o socialismo, através dos embates entre os amigos e o empresário que eles sequestram. São essas algumas das passagens mais interessantes de todo o filme. Nota-se que eles passam da inflexibilidade ao relativismo em suas opiniões, e demonstram não serem tão diferentes do homem que condenam inicialmente por sua riqueza "excessiva".
"Edukators" vale tanto pela sua forma quanto pelo seu conteúdo, marcado por bons diálogos, direção de atores eficiente e trilha sonora envolvente. Sinal de que há competência nos noems envolvidos na produção, que foi um grande sucesso em seu país de origem, e que merecia mais visibilidade em nossa terra. Sem dúvida, não é filme que se deva deixar passar despercebido.

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