A estreia de Bailie Walsch na direção de longas-metragens vem engrossar uma lista já composta de muitos nomes. Isso porque, a exemplo de Mark Romanek e Michel Gondry, Walsch é oriundo do universo dos videoclipes. Seus supre-citados predecessores foram felizes em suas incursões no celuloide, e pode-se dizer o mesmo de mais esse estreante.
Reflexos da inocência é protagonizado pelo festejado Daniel Craig, um ator que alterna presenças em filmes arrasa-quarteirão com participações em projetos mais pessoais. O caso do filme de Walsch é o segundo. Na história, Craig dá vida a um ator que vive um dia após o outro sem grandes perspectivas, entregando-se à esbórnia sem se preocupar com sua própria imagem. Seu mundo sofre uma reviravolta com a notícia da morte precoce de um amigo de infância.
A partir daí, desencadeiam-se uma série de recordações para o ator, lembranças essas de um tempo de absluto descompromisso e de descobertas diárias. A câmera de Walsch captura pequenos e singulares momentos em que a felicidade do protagonista parecia estar ao alcance de suas mãos, e que ele não soube aproveitar devidamente.
É sobre esse gosto de passado que se articula a narrativa do filme, que mais parece saído de um baú de confissões. A trilha sonora é um ponto positivo do longa, trazendo canções que embalam os romances vividos pelo personagem principal. Aliás, é bom que se diga que, apesar do nome de Craig aparecer enorme no cartaz do filme, Reflexos da inocência é mesmo de Harry Eden, que faz Joe, nome do protagonista, em sua fase jovem, e se sai muito bem.
Alguns elementos na premissa do filme podem fazê-lo soar melodramático: a perda da ingenuidade com uma mulher mais velha, um amor que se perdeu no tempo, a tragédia que abalou uma comunidade. Mas o interessante em uma história nunca é apenas seu enredo, e sim sua forma de condução. É nesse quesito que o longa ganha mais pontos a seu favor. Reflexos da inocência se encaixa no rol de filmes sobre memória, e merece um espaço entre os inesqucíveis, logo em sua abertura emocionante, ao som de uma música intensa e triste, que resume o que está por vir nas sequências seguintes. Histórias simples, belas e despojadas também devem ter sua vez.
26 de nov. de 2009
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