Em "Paranoid Park", Van Sant volta a exercitar sua câmera na busca por um ângulo de visão aproximado de seu objeto preferido. A narrativa é centrada na figura de um jovem e sua extrema passividade diante da própria vida. Ele é um skatista que está sempre andando pelas ruas com seus amigos em busca de emoções sobre as quatro rodinhas. Pouco se sabe a respeito de seus pais ou de possíveis irmãos, apenas aquilo que o diretor deixa transparecer através dos pensamentos e relações de Alex, o protagonista do filme.
Como já fizera em "Elefante", aqui o cineasta apresenta diferentes perspectivas para uma mesma cena, ainda que sob a ótica de um mesmo personagem. Van Sant também abusa do tempo psicológico, injetando, assim, um realismo intenso a cada sequência. O fato de os atores não serem profissionais é outro fator determinanta para a naturalidade de seus desempenhos. A cada nova produção, o diretor reduz o número de caras conhecidas do público. Dessa vez, por exemplo, o elenco foi escolhido, em sua maioria, pelo My Space.

É depois de ir embora dali, porém, que a vida do rapaz dá uma guinada inesperada. Ele se envolve acidentalmente em um assassinato, fato que gera nele uma sensação de culpa. Esse sentimento passa a corroê-lo, de tal forma que ele procura apagar todas as evidências possíveis de seu delito involuntário.
Van Sant pode ser acusado de niilista, mas seu objetivo é justamente capturar o vazio, o que é paradoxal. É como a vida, já que viver é um eterno paradoxo.
No transcorrer da trama, enxuta em seus pouco mais de 90 minutos, seremos confrontados com a apatia e o tédio que dominam a rotina de Alex, o que, de certa forma, incomoda e leva a uma forte reflexão. O que fazemos diante de uma situação que se nos impõe sem aviso prévio e altera o rumo de nossas vidas? A falta de uma reação pode ser uma das respostas. Ou a ausência dela.
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